TPM une Filhas do Vento e Jeep Clube no Rally Transparaná
Projeto inédito estreia no maior rali de regularidade do mundo para incentivar a presença feminina neste esporte e promover ações sociais durante a competição
A 29ª edição do Rally Transparaná ficará marcada por três letrinhas e uma conquista especial que vai muito além do que cruzar a linha de chegada. O TPM, abreviação de “Transparaná para Mulheres”, é um projeto inédito incorporado ao maior rali de regularidade do mundo, organizado pelo Jeep Clube de Curitiba (JCC). O propósito é incentivar a participação feminina na prova e, ao mesmo tempo, promover a solidariedade e a sustentabilidade.
Na inscrição para uma das três modalidades em disputa – carro, moto ou bicicleta –, uma atitude que deu o tom da iniciativa: a arrecadação de absorventes e produtos de higiene íntima. O projeto conseguiu ainda a doação de uma grande quantidade de absorventes realizada por uma fabricante do produto. Os artigos foram doados a entidades beneficentes, que repassaram a adolescentes e adultas em situação de vulnerabilidade, com dificuldades financeiras para acessar esse tipo de produto.
Os artigos foram doados a entidades beneficentes, que repassaram a adolescentes e adultas em situação de vulnerabilidade, com dificuldades financeiras para acessar esse tipo de produto.

Durante os cinco dias de prova – de 20 a 25 de fevereiro de 2023 –, ligando Foz do Iguaçu a Curitiba, também foi realizado a soltura de bombas de sementes pelos pilotos ao longo do trajeto para o plantio de árvores, num movimento batizado de “Trans Semeia”. As bombas são pequenas bolas de argila com compostos orgânicos recheadas com sementes.
Oportunidade para as mulheres
Essas mobilizações são o combustível para o TPM, idealizado pela confraria Filhas do Vento e da Liberdade. O grupo formado em Curitiba por mulheres motociclistas, e com mais de 10 mil simpatizantes pelo país, notabiliza-se pelas ações humanitárias e de conscientização empunhando diferentes bandeiras, como a do câncer de mama e a da violência contra a mulher – o blog da MILITEC Brasil já contou histórias de superação das Filhas do Vento.

À frente do projeto TPM está Telma Crummenauer, fundadora da confraria e uma entusiasta da presença feminina no universo de duas rodas. Na visão dela, essa nova categoria no Transparaná é um grande avanço para o esporte paranaense e uma ótima oportunidade para que mulheres de todo o Brasil participem da tradicional competição.
“O Transparaná é uma oportunidade para quem busca disputar ralis pelo mundo. E a adesão delas tem sido bem significativa, especialmente nas motos, que é uma categoria em ascensão no evento. A equidade de gênero dentro da modalidade é uma grande conquista”, salienta Telma, que estreou no Transparaná em 2022, aos 53 anos, sem experiência em rali.

“Participar no ano passado foi uma escola para mim e já me sinto vitoriosa e realizada por outras mulheres neste ano também desbravarem essa aventura, superando os desafios ao longo dos 1.500 quilômetros de percurso”, complementa a também diretora de Ação Social da Federação Paranaense de Motociclismo (FPRM), entidade responsável pela organização da categoria Motos no rali.
Na edição deste ano, Telma trocou a competição pela responsabilidade de tocar o projeto ao longo do percurso. Função que acabou abreviada devido a um susto logo no segundo dia. Ela sofreu uma queda da sua moto ao frear diante de um obstáculo inesperado no caminho. Resultado: duas costelas fraturadas e retorno mais cedo para Curitiba.
Porém, isso não a impediu de acompanhar o Transparaná a distância e de estar presente na festa da chegada e da premiação, em frente ao Palácio Iguaçu, no dia 25 de fevereiro.
O saldo do projeto TPM foram mais de 4,5 mil absorventes arrecadados e distribuídos em kits com outros produtos de higiene feminina. Ao todo, entidades beneficentes de 11 cidades foram contempladas, além de diversas mulheres carentes durante o trajeto.
O JCC, que também tem nas ações solidárias um dos seus pilares, conseguiu por meio do Transparaná captar 12 toneladas em alimentos para famílias necessitadas. Os participantes doaram cestas básicas, entregues nos municípios ao longo do trajeto.
Parceira com o Jeep Clube de Curitiba

Criador do Transparaná, o Jeep Clube de Curitiba é uma referência nacional quando o assunto é ajudar os mais necessitados e preservar o meio ambiente. Suas iniciativas vão muito além de ralis e trilhas, como a MILITEC Brasil já contou no blog.
Por isso, a parceria com as Filhas do Vento e da Liberdade foi muito bem recebida. Telma conta que o pessoal do JCC abraçou o projeto. “Não esperava menos, afinal o Jeep Clube tem um histórico de décadas na cooperação e mobilização da sociedade [em trabalhos solidários]”, destaca.
Para o presidente do JCC, Lidecir Cerqueira Lopes, o TPM permitiu que as mulheres se envolvessem em todo o Transparaná. Seja na participação nas três categorias – Carros, Motos e Bicicletas –, seja na organização e no trabalho social que se desenvolve paralelamente à competição.
“Na edição de 2022, tínhamos apenas três mulheres competindo nas motos (uma delas a Telma). Cumpriram o trajeto inteiro, o que, segundo elas, foi uma grande vitória”, ressalta Lidecir.
O presidente destaca que o foco social do TPM também inspirou incluir na edição 2024 um motorhome, que vai acompanhar todo o Transparaná como um consultório odontológico gratuito para atendimento a pessoas carentes.
Destaque com a presença feminina

O TPM também colaborou para uma maior visibilidade à competição de motos, a ponto de o número de inscritos saltar de pouco mais de 20 em 2022 para cerca de 80 participantes em 2023.
“É muito bacana ver as mulheres se envolvendo e se destacando em um esporte que, na sua maioria, é feito por homens. O TPM está caminhando sozinho. Elas se ajudam. Chegaram a criar um grupo no WhatsApp para combinar, por exemplo, de a competidora de carro 4×4 levar o pneu reserva da pilota de motocicleta”, observa Bennur Crummenauer, diretor de Mototurismo da FPRM e quem está por trás das planilhas de disputa e da elaboração do percurso na categoria Motos.

Ele elogia o projeto da esposa Telma e lembra que a ideia do plantio de árvores e sementes é uma ação ambiental que está em sintonia com o conceito sustentável defendido pelo próprio Jeep Clube em seus projetos.
“É uma coisa mínima que podemos fazer durante o trajeto e que marcou a competição e vai entrar para história”, acrescenta Bennur, com a experiência de 25 anos como piloto e campeão de enduro de regularidade.

Já Telma reforça dizendo que soltar as bombas de semente é um ato muito importante de sustentabilidade, pois ajuda a restauração do ecossistema e reverte os impactos ambientais causados pela sociedade.
Ela complementa revelando que o Paraná, por meio das federações esportivas, tem sido sempre um grande incentivador para a inclusão das mulheres em todos os esportes.
“Acredito que o TPM será um legado importante para o Transparaná, que, devagarinho, vem mostrando uma maior representatividade feminina. Que o TPM possa contar as histórias de cada participante da categoria trazendo visibilidade a todas as mulheres. Costumo dizer que uma mulher sozinha tem força, juntas causamos impacto”, enfatiza Telma.

Na visão da vice-presidente do JCC, Ana Carolina Wedderhoff, a participação das mulheres foi um destaque para a competição. “A gente tem muita força. Começou devagarinho, umas chamaram outras e hoje somos muitas”, contou. “Outras estão entrando agora, mas já ficaram superentrosadas”, salienta.
Desbravando o Paraná
Maior raid do Brasil, o Transparaná nasceu no início da década de 1990 por vontade de alguns jipeiros do Jeep Clube de Curitiba. A competição corta todo o estado, da costa Oeste à Leste. São cinco dias de prova durante o período do Carnaval, passando por trechos de asfalto, terra, lama e rios.
Boa parte do trajeto cruza por caminhos históricos, antes percorridos por desbravadores, tropeiros, colonizadores, índios e jesuítas. Por isso, a competição tornou-se uma vitrine da história paranaense e brasileira.
Também possibilita aos participantes conhecerem as potencialidades econômicas, turísticas e agrícolas dos municípios hospedeiros durante o trajeto. Cada categoria tem seu próprio itinerário, com trajetos diferentes que cobrem as regiões Norte, Centro e Sul do estado.

Entre as cidades que são pontos de paradas e pernoites para o circo do Transparaná estão Foz do Iguaçu, Cascavel, Guarapuava, União da Vitória, Pato Branco, Lapa, Guaíra, Maringá, Londrina, Telêmaco Borba, Castro e Curitiba. Ao todo, a competição visitou na 29ª edição perto de 170 municípios paranaenses.
“O Transparaná movimenta as cidades, em especial a rede hoteleira e restaurantes. À noite é uma festa, com as ruas cheias de pessoas para ver de perto os veículos que competem, alguns preparados e que chamam bastante a atenção”, afirma Liderci Cerqueira.
O rali tem o apoio do governo estadual, que disponibiliza a presença de ambulância, faz indicações a hotéis para hospedagem dos participantes, o que barateia o evento, e ainda monta toda a estrutura no Palácio Iguaçu como linha de chegada da competição.

MILITEC 1 para andar no limite
Ao todo, a 29ª edição do Rally Transparaná reuniu 12 categorias e mais de 250 competidores, num percurso que superou os 1.600 quilômetros. O trajeto foi dividido entre as regiões Norte, Centro e Sul do estado, saindo de Foz do Iguaçu e chegando a Curitiba.
Confira os campeões de 2023 por categoria:
CARROS
MASTER: Leandro Rodrigo Riffel (piloto)/ Michael Masson (navegador) – Piratuba (SC)/ Capinzal (SC).
GRADUADO: Vinicius Parizotto Gustman (piloto)/ Felipe Tavares (navegador) – Castro (PR).
TURISMO: Marco Brigagao Carraresi (piloto)/ Leonardo Farmarin Carraresi (navegador) – Sorocaba (SP).
LIGHT: Vitor Delfrate Neto (piloto)/ Guilhermo Delfrate (navegador) – Palmeira (PR).
MOTOS
BIG TRAIL ENDURO: Emerson Loth “Bomba” – Curitiba (PR).
BIG TRAIL GARUPA: Cristiano Stresser da Silva – Foz do Iguaçu (PR).
BIG TRAIL FEMININA: Andreia Pasa – Curitiba (PR).
BIG TRAIL DUPLAS: Simone Barion – Jundiaí (SP).
ATÉ 450cc: Caique Mehl – Colombo (PR).
Muitos veículos do Transparaná correm abastecidos com o MILITEC 1, de olho na maior durabilidade dos componentes e performance do motor. “No mundo do off road, os pilotos andam no limite de tudo, seja motor, câmbio e outros componentes mecânicos. E o MILITEC 1 salva nessas horas de exigência extrema”, frisa Liderci, afirmando que é o único produto do gênero usado pelos competidores.

Mais informações no site oficial do Transparaná (www.transparana.com.br) e nas redes sociais do evento – Instagram (@rallytransparana) e Facebook.
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