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8 de dezembro de 2022

Jeep Clube de Curitiba vai muito além dos ralis e trilhas

Grupo de jipeiros mais antigo e ativo do país realiza de Transparaná e Sopa do Pinhão ao transporte de donativos para vítimas de enchentes e deslizamentos

Em 2011 um forte temporal deixou algumas cidades do litoral paranaense alagadas e diversas famílias isoladas por conta de deslizamentos de terra e enchentes. O Jeep Clube de Curitiba (JCC) foi chamado pela Defesa Civil do Paraná para auxiliar no transporte de alimentos e roupas por trechos de difícil acesso. Voluntariamente, integrantes do grupo encararam muita lama, rios e buracos com seus veículos levando esperança e sobrevivência às vítimas.

O gesto solidário é resultado de uma parceria entre o JCC e a Defesa Civil do estado e se repete sempre quando há uma emergência, com pessoas desabrigadas, onde nem helicóptero chega.

E resume bem o respeito que o grupo curitibano conquistou ao longo de 38 anos de história. A ponto de ser o único do gênero a ter autorização do Jeep Clube do Brasil para ostentar de forma oficial o mesmo desenho do icônico jipe Willys em seu logotipo – tal qual a entidade nacional.

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Os jipeiros só usam o asfalto para se locomover entre uma trilha e outra. Foto: Reprodução/ Facebook/ JCC

O JCC também é o mais antigo e ativo clube de jipeiros em território brasileiro e que se destaca também com iniciativas voltadas à preservação do meio ambiente. São credenciais que já seriam suficientes para justificar um conteúdo no blog da MILITEC Brasil. Porém, a sua trajetória é ainda mais rica, especialmente quando envolve trilhas e ralis.

Criação do Rally Transparaná

O Jeep Clube de Curitiba é responsável por criar, organizar e apoiar diversos eventos off road pelo estado e regiões vizinhas. É o caso do Transparaná, maior rali de regularidade das Américas.

“O Rally Transparaná inspirou tantos outros ralis de renomes no mundo inteiro. É uma escola onde competidores de ponta que queiram se destacar no esporte tem de passar obrigatoriamente pelo Transparaná. É uma faculdade do rali”, destaca Liderci Cerqueira Lopes, 56 anos, presidente do JCC em seu quarto mandato.

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O Transparaná cruza o estado por vias fora de estrada entre Foz do Iguaçu e Curitiba. Foto: Luciano Santos/ Sigcom

A MILITEC Brasil é uma das marcas que apoia a tradicional competição, criada pelo JCC em 1995. “Conheço o MILITEC 1. É um produto de excelência que cumpre com eficácia a exigência do off road”, afirma Liderci. O clube tem o hábito de recomendar o uso do produto, porque a parte mecânica dos veículos é bastante exigida nas trilhas.

O Transparaná, que reúne carros com tração 4×4, motos e até bicicletas (disputa de ciclismo), dura cinco dias, no período de Carnaval, com o trajeto ligando Foz do Iguaçu a Curitiba.

Paralelamente, o Jeep Clube organiza o Trilhão Transparaná, que larga junto, mas com destino diferente. E mais uma vez, durante o evento, o grupo de jipeiros cumpre seu papel social, recolhendo cestas básicas – este ano foram 4 toneladas de alimentos arrecadados na 28ª edição.

“Temos um histórico de solidariedade. Sempre promovendo ações de caridade em parceria com a Defesa Civil”, reforça a vice-presidente do JCC, Ana Carolina Weddernhoff, 40 anos, que faz parte do clube desde 2007.

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A programação do Jeep Clube de Curitiba é intensa ao longo do ano.

Trilha Sopa de Pinhão

A Trilha Sopa de Pinhão é outra competição criada pelo JCC e que, inclusive, passou a integrar o calendário cultural e esportivo do governo paranaense. Considerado o mais prestigiado passeio fora de estrada no mundo, o evento acontece em julho e já foi até cogitado para fazer parte do Guinness Book, o Livro dos Recordes.

“Chegamos a ter edição com 536 jipes inscritos e mais de 3 mil participantes. É uma trilha voltada à família, realizada no sábado, com saída em Campo Largo e chegada na Capela Nossa Senhora das Pedras, em Palmeira”, relata Ana Carolina, informando que costuma fazer mil pratos temáticos ao evento e 2 mil porções de sopa. “Os pratos são como se fossem um troféu para os participantes. Muitos colecionam.”

Em 2022, a 28ª edição reuniu cerca de 450 jipeiros e, novamente, mais de 3 mil pessoas do Paraná, Santa Catarina e São Paulo, divididas nas categorias Pesada, Moderada e Light.

Rally da Inclusão

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O Rally da Inclusão coloca as pessoas com deficiência para serem copilotos dos jipeiros. Foto: Divulgação/ JCC

A programação de eventos ao longo do ano do Jeep Clube de Curitiba é extensa. Além dos já citados acima, tem ainda os passeios das Penélopes Charmosas e Cachorro Louco, a trilha Rancho do Mato, o Rally da Meia-Noite e o Jeep Noel.

No mês de dezembro também acontece o Rally da Inclusão, uma ação conjunta com o governo do Paraná e a Prefeitura de Curitiba (algumas edições). A iniciativa tem largada e chegada no Parque Barigui, em Curitiba, e possibilita que pessoas portadoras de deficiência acompanhem os jipeiros na competição, percorrendo trilhas pela capital e região metropolitana.

“É difícil até explicar o quanto elas ficam felizes. Tanto que as entidades parceiras do evento avisam as crianças na véspera, senão tem aquelas que nem dormem. É um evento muito especial, que começou em 2008”, diz Ana Carolina.

São parceiras do projeto organizado pelo JCC a Unilehu (Universidade Livre para a Eficiência Humana), instituição que promove a inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho, e a Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais).

Sócios se reúnem às quartas

O Jeep Clube de Curitiba nasceu em 1984 da união de dois grupos de entusiastas. Um formado pelo trio Áulio Zanbenedetti, Augusto Kowalski Filho e Arion Mozart Chagas, e voltado à prática off road, e o outro pelo trio Enzo Monteiro do Nascimento, Lotário Burgel e Paulo Hilário, proprietários de jipes e membros do Veteran Car Club, preocupados mais em oferecer manutenção aos veículos.

Atualmente, possui cerca de 100 sócios ativos, que se reúnem às quartas-feiras. Com a crise econômica causada pela pandemia, houve uma queda no número de sócios ativos, que já chegou a ter 250. “O pessoal ainda está tentando se reestruturar”, frisa Ana Carolina.

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O JCC é o único no Brasil autorizado pelo Jeep Clube do Brasil a usar no logo o mesmo desenho do Jeep Wilys.

Por ser uma entidade sem fins lucrativos, o pagamento da mensalidade de R$ 60 ou da anuidade de R$ 700 também não é obrigatória. O grupo se diferencia dos demais jeep clubes por ser bastante ativo. Entre os modelos que desfilam na trilha estão Troller, Mitsubishi TR4, Baja e até o “vovô” Jeep Willys.

“É uma honra ser presidente de uma entidade que sempre levou muito a sério as ações sociais e o meio ambiente. Nosso clube tem um perfil familiar, com amantes do off road de todas as idades”, salienta Lidecir Cerqueira.

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A valentia do jipe “cara de cavalo”, ano 1953, de Luiz Fernando Benthien, um dos mais antigos do grupo. Foto: Arquivo Pessoal

Um dos primeiros sócios, que participa desde a fundação do clube, é Luiz Fernando Benthien. Ele também é proprietário do jipe mais antigo, um “cara de cavalo” ano 1953, apelido dado ao modelo CJ-3B do Jeep Willys.

“Fiz muita trilha com ele. Hoje não dá mais para competir com os Trollers, com os seus imensos pneus e toda a sua eletrônica. Só levo agora para encontros de carros antigos”, conta o jipeiro, que herdou do pai o exemplar raro quando tinha 15 anos – hoje está com 60 anos.

Uma de suas aventuras favoritas a bordo do modelo foi no 1º Raid da Neve, em São Joaquim (SC), em 1990. Ele conta que o evento ocorreu em condições extremas, com pisos escorregadios, riachos e lama. No entanto, o bravo Willys venceu os obstáculos – o vídeo do raid pode ser visto no YouTube (parte 1 e parte 2).

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O jipe de Benthien participou da raid na neve em São Joaquim (SC), em 1990. Foto: Arquivo pessoal

Luiz Fernando ainda fez parte do seleto grupo que participou do primeiro “batismo” de jipeiros do então Jeep Clube do Brasil – Paraná, ocorrido em fevereiro de 1985. A paixão dele pelo jipe também pode ser traduzida pela coleção com mais de 600 miniaturas do modelo.

“A minha vida sempre foi jipe. Meus compadres e meus filhos são todos jipeiros e membros do Jeep Clube. Meus melhores amigos eu conheci no grupo”, revela.

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A coleção de jipes em miniaturas de Benthien tem mais de 600 exemplares. Foto: Arquivo pessoal

1 Comentário

  1. dariacy helena oliveira moreira disse:

    Que legal esse grupo e o. trabalho que vcs desenvolvem. Estava procurando um grupo off road de Fusca baja e encontrei vocês. Tenho um Fusca baja branco que era do meu filho que faleceu em 2017. Fiquei com ele, uso as vezes(ele é legalizado e com rodas para o asfalto) e acrescentei alguns itens( a tampa do motor, alarme – porta e vidros, calotas. Meu filho já havia colocado carpete e couro nos bancos e rádio. As grades ele já tinha quando meu filho comprou.A pintura está boa no geral. Tenho pensado em vende-lo pra vai utilizar mais. Caso vcs saibam de alguém interessado, me avisem. Grata pela atenção.

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