Outubro Rosa Filhas do Vento e da Liberdade Outubro Rosa Filhas do Vento e da Liberdade
6 de outubro de 2022

Outubro Rosa: Filhas do Vento e da superação sobre duas rodas

As histórias de um grupo de mulheres motociclistas que levam na garupa a conscientização e a prevenção do câncer de mama

A confraria Filhas do Vento e da Liberdade, formada por mulheres motociclistas, vem transformando a vida de suas integrantes com histórias de superação. Graças às ações promovidas pelo grupo, algumas delas venceram problemas pessoais, como a depressão, e até ajudou a descobrir um câncer de mama.

São iniciativas que chamam a atenção pelo papel humanitário e valioso prestado por essas mulheres, e que merece ser divulgado e aplaudido. Por isso, o blog da MILITEC Brasil conta um pouco de como a paixão pelo universo em duas rodas pode fazer a diferença na vida das pessoas.

Criada em Curitiba em 2016, a confraria conta hoje com mais de 10 mil simpatizantes por todo o país. Na garupa, além do fascínio por motos e o sentimento de liberdade, elas também carregam bandeiras de diferentes causas. Uma das mais significativas é a do Outubro Rosa, movimento mundial relacionado à orientação, prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer de mama e do colo de útero.

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Telma Crummenauer, fundadora das Filhas do Vento, durante palestra no Centro Comunitário Costeiro, em Paranaguá. Foto: Arquivo pessoal

Durante o mês de outubro, as Filhas do Vento e da Liberdade têm uma agenda cheia de compromissos com o intuito de compartilhar informações para a maior conscientização do público feminino em relação às doenças. Entre as atividades está a de realizar palestras em escolas, associações de bairros, entidades representativas e empresas.

Integrante descobre câncer após palestra

Foi numa das palestras que a Silmara de Andrade, de 58 anos, viu sua vida mudar. Motociclista de longa data, ela já acompanhava as ações e os relatos das Filhas do Vento nas redes sociais, como uma espécie de terapia diante de um quadro de depressão.

“Perdi meu pai em 2011 e larguei o emprego e a minha própria vida para cuidar da minha mãe, que tinha Mal de Alzheimer. Pelo Facebook, as Filhas do Vento me faziam companhia mesmo sem saber. Elas me tiravam um pouco da depressão e me colocava para a vida de novo”, relata Silmara.

A dedicação à mãe a impedia de participar de ações promovidas pela confraria. Até que em novembro de 2021, após cinco anos sem pegar a estrada de moto, ela foi a Paranaguá, litoral paranaense, para acompanhar as Filhas do Vento numa palestra dada pela idealizadora do grupo, Telma Crummenauer.

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Silmara Andrade é um exemplo sobre a importância de realizar o autoexame. Foto: Arquivo pessoal

O tema era sobre violência contra a mulher, outra bandeira empunhada pelas motociclistas, mas houve também uma apresentação sobre a prevenção do câncer de mama.

Silmara percebeu que há muito tempo não realizava o autoexame. Em casa, fez o procedimento pelo qual detectou um caroço. Ela então submeteu-se a exames, onde foi diagnosticada a doença em estágio inicial.

“A palestra me conscientizou da importância do autoexame e a Telma me deu muito força”, conta Silmara, que está em tratamento contra o tumor. Para ela, as Filhas do Vento são uma irmandade, não só uma confraria, pois estão ali para dar apoio e levantar outras mulheres.

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Integrantes das Filhas do vento durante visita ao Porto de Paranaguá, em 2021. Foto: Arquivo Pessoal

“Às vezes, muitos problemas eu resolvo em cima da moto, porque é o momento em que estou comigo mesma. Adoro sentir o vento e a liberdade”, revela Silmara.

Confraria é um canal de ajuda a outras mulheres

A confraria também celebra neste mês um ano da expedição “Filhas do Paraná”, projeto do primeiro grupo feminino a contornar o Paraná sobre duas rodas. Formado por 15 motociclistas, o grupo percorreu 3,6 mil quilômetros nas divisas com Santa Catarina, São Paulo, Argentina e Paraguai, além do litoral.

A iniciativa, que visava promover a campanha Outubro Rosa, contou com a participação de Viviane Santos, de 54 anos. Ela havia superado um câncer de mama e encontrou nas ações das Filhas do Vento uma maneira de ajudar outras mulheres a também enfrentar a doença.

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Viviane Santos só tirou a habilitação para motos depois de participar da expedição Filhas do Paraná, em 2021. Foto: Arquivo pessoal

Como ainda não tinha a carteira de habilitação categoria A para pilotar, ela fez o trajeto no carro de apoio. “Eu olhava aquelas mulheres pilotarem e dizia: se elas podem, eu também posso. Foi uma experiência inovadora”, diz.

Só depois de retornar da expedição foi que procurou uma autoescola para obter sua CNH e virar oficialmente uma motociclista do grupo. Ela descobriu o câncer de mama na gestação, há 22 anos, após um exame de prevenção.

“Foi muito duro, na época fiquei arrasada. A prevenção foi a cura. Hoje faço acompanhamento, já passei por cinco cirurgias (depois da descoberta da doença) e toda a vez que surge um nódulo eu logo retiro”, conta Viviane, que integrou a expedição em 2021 logo após uma das cirurgias.

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Expedição Filhas do Paraná percorreu 3,6 mil km do estado em 2021. Viviane foi no carro de apoio (ao fundo). Arquivo pessoal

“As Filhas do Vento me trouxeram um novo recomeço para a vida. A gente consegue orientar e falar sobre as nossas experiências pessoais para outras mulheres. Isso, além de trazer um conforto, acredito que traga esperança”, pontua.

Superando medo e depressão

A fundadora da confraria, Telma Crummenauer, também superou problemas pessoais em duas rodas. “Eu joguei o pano de prato aos 46 anos (ao entrar no mundo das motos) e descobri que poderia superar qualquer medo”, relata a mãe, esposa, empresária e hoje motociclista, aos 53 anos.

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Parada na hidrelétrica de Itaipu durante a expedição “Rosas do Deserto” para o Atacama, em 2019.

A motocicleta contribuiu para Telma superar a depressão. Com o grupo, ela caiu na estrada em viagens inesquecíveis. Uma das que mais tem orgulho é a expedição para o deserto do Atacama, no Chile, realizada há exatos três anos, no Outubro Rosa de 2019.

Batizado de “As Rosas do Deserto, a aventura rodou 9 mil quilômetros, passando pela Cordilheira dos Andes, nas sinuosas curvas de Caracoles (liga a Argentina ao Chile). “Foi uma reunião de mulheres cansadas de andar na garupa e ansiosas para superar desafios. Não tivemos assistência de carro de apoio ou qualquer homem motociclista durante 27 dias”, observa.

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Plantio de ipês feito em Siqueira Campos, Norte do estado, durante a expedição Filhas do Paraná. Foto: Arquivo pessoal

No Outubro Rosa, as Filhas do Vento costumam realizar o plantio de ipês rosas, simbolizando a força feminina e o movimento de prevenção ao câncer de mama. Para a campanha deste ano, Telma deseja realizar um antigo sonho: voar de balão e fazer do alto a soltura das sementes da tradicional árvore.

“Para lembrar futuras gerações da luta de tantas mulheres e da importância do autoexame”, frisa a curitibana, que faz questão de ressaltar o quanto a motocicleta pode fazer diferença na vida de mulheres.

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Imagem de um post no Instagram das Filhas do Vento reforçando a conscientização das mulheres sobre o autoexame.

“O grupo mudou a vida de muitas delas, e para melhor. E, isso não tem idade. Eu vejo mulheres de 60 anos tirando a CNH A e arrasando nas estradas. Em cima da moto, o nosso espírito é livre”, finaliza.

14 Comentários

  1. Waldirene Francisquini. disse:

    Acompanho e participo da Confraria Filhas do Vento desde 2018, onde fiz novas amizades. Neste grupo de mulher motociclista encontrei o caminho de que dias melhores existem, quando nós mulheres estamos em fase de desconforto pessoal. O motociclismo já é uma superação em movimento diário. Parabéns a toda equipe Confraria Filhas do Vento e da Liberdade que por onde passam levam a esperança, um abraço amigo e palavras de conforto.
    #somos filhas do vento e da liberdade.

  2. Benmur disse:

    Excelente matéria o motociclismo e está mulherada empoderada agradece!

  3. Rozilaine Aparecida Gil da Costa disse:

    Sou integrante desde do início do grupo,aonde depois que a conheci mtas coisas mudaram em minha vida,tenho superado todos meus obstáculos e medos sobre duas rodas antes já fazia parte de cicloturismo de bike aonde pensei se de bike eu me realizo porque não de moto tbm,hj com 54 anos sou uma mulher realizada em suprir meus obstáculos…sou Filhas do Vento e da Liberdade com mto orgulho.

  4. Role de Quinta disse:

    Filhas do Vento e Liberdade empoderamento e respeito pelas mulheres. Parabens Telma e todas as Filhas por essa Bela Confraria.

  5. Denize Zerede Ozório disse:

    Tenho um orgulho muito grande em fazer parte desse grupo tão cheio de vida. Somos mulheres que levantam outras mulheres. Juntas somos mais fortes. Houve épocas que prescisei de apoio e efui acolhida com amor e carinho por todas. . Sempre atraz de uma superação Filhas do Vento e da liberdade mulheres motociclistas ,obrigada por existirem..

  6. Marcia Espíndola disse:

    Acompanho este grupo desde sua fundação. Não se trata de um grupo de motoqueiras aventureiras, elas realizam um serviço social muito importante voltado às mulheres.

  7. Sandra da Silva disse:

    Estou no grupo há 2 anos e adoro ser uma Filha do Vento e da Liberdade, sempre que posso participo e também das ações o ano todo, ajudando pessoas que necessitam. #outubrorosa #filhasdoventoedaliberdade #militecbrasil

  8. Cris Falcão disse:

    Trabalho lindo querida. Eu me convido para ajudar tá bom. Conte comigo. E siga em frente sempre. Escolha viver com amor e alegria de viver.
    Com amor
    Criss Falcão

  9. Silvio vabriel disse:

    Muito inspirador o trabalho dessa mulherada

  10. Patrícia Amélia disse:

    Acho importante o que as Filhas do vento e da liberdade faz inúmeras campanhas e ações sociais. Orgulho de ser uma #filhadoventoedaliberdsde#

  11. Sulamita Morini disse:

    Participei das 3 expedições, Rosas do Deserto, Expedição 5 Fronteiras e Expedição Agosto Lilás. Essas expedições mudaram minha visão de vida e o motociclismo tornou-se, além de uma paixão, u instrumento de apoio e esperança à outras mulheres. Agradeço sempre a Telma Crummenauer e as Filhas do Vento e da Liberdade por essa oportunidade.

  12. Patricia Butture disse:

    Orgulho de vcs …. Mulher motociclista , exemplo de vida e determinação….

  13. Tania Stela thives disse:

    Parabéns meninas pela iniciativa !! Show ! Prevenção é tudo !

  14. João Gouveia Cezar disse:

    Tivemos a honra de conhecer as Filhas do Vento e da Liberdade em outubro de 2021, na ocasião, fomos anfitriões aqui no Norte Pioneiro do Paraná. A missão delas é muito linda, única e maravilhosa pois leva alento, esperança e abre um leque de oportunidades para as mulheres. Outro ponto importante para nós foi a interação que elas tiveram com os atrativos turísticos e empreendimentos de nossa região fortalecendo toda uma rede. Parabéns !!!

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