O mundo fantástico dos hot rods rouba a cena nas ruas e eventos
MILITEC 1 é bastante difundido dentro da cultura do visual exótico e motores robustos, principalmente para ganho de performance e proteção aos propulsores V8
Assim como Ferrari ou Lamborghini, um hot rod nunca vai cruzar à frente de qualquer pessoa sem prender a atenção dela por alguns segundos. Seu estilo único e chamativo e o ronco poderoso do motor costumam roubar a cena por onde passa, seja num simples passeio pelas ruas no fim de semana, ou atraindo os olhares e as câmeras como estrelas num evento automotivo. Aliás, exposição de carros antigos que se preze sempre terá o desfile de “bielas quentes” (tradução livre para hot rod).

Ao se deparar com essas máquinas de visual exótico, propulsores possantes e, muitas vezes, com acabamento impecável, é difícil acreditar que, originalmente, são veículos das décadas de 1920 a 1960, achados em estado de sucata ou em pedaços no ferro velho – essa é uma das condições que um rodder raiz não abre mão.
Geralmente são Fordinhos, Chevrolets e Dodges de duas portas e carroceria cupê ou picape, que ganham mecânica moderna e muita criatividade na pintura durante o processo de restauração. Além de se destacarem pela robustez no design, valorizado desde o tamanho das rodas e pneus aos motores expostos e suspensão rebaixada.
Nos anos 2000, uma variação do movimento, chamada Rat Hod, também ganhou força e o que se viu foi uma avalanche de modelos ostentando a carroceria desgastada naturalmente pelo tempo. Mesmo sem o brilho e a restauração típicas dos hots tradicionais, eles também conquistam fãs e apreciadores do estilo. Inclusive, há exemplares em bom estado de conservação que recriam as marcas do tempo com uma técnica de pintura que exibe efeito envelhecido.
Curitiba é referência em Hot Rods no país

A cultura hot conquistou milhares de adeptos no Brasil, surgindo por aqui no fim da década de 1970. Algumas cidades formaram grupos de simpatizantes, casos de São Paulo, Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Joinville (SC) e Porto Alegre (RS).
Mas, coube a Curitiba (PR) virar o centro das principais criações e do culto ao movimento. Até hoje é reconhecida como uma das referências nacionais quando o assunto é hot rod. São cerca de 2 mil exemplares em garagens e oficinas especializadas da capital paranaense, de um total aproximado de 20 mil unidades rodando ou em fase de construção no país.
Os números podem ser ainda maiores quando incluídas as réplicas em fibra de vidro, que têm contribuído para o fortalecimento do estilo no Brasil. “Eu vejo as carrocerias em fibra de vidro como única alternativa a médio e longo prazo para que o movimento continue existindo e crescendo. As carrocerias originais em chapa de aço estão acabando. Existem poucos modelos à venda e, geralmente, em estado de conservação muito ruim”, destaca Manoel Guilherme Bandeira, 61 anos, sendo 42 deles dedicados ao mundo hot.

“A construção de hot rod traz consigo uma série de benefícios à sociedade. Gera empregos, capacita e valoriza mão de obra, movimenta diversos segmentos como as indústrias de peças, de pneus, de eventos, entre outras”,
Manoel Bandeira, ex-presidente do Curitiba Roadsters.

Curitiba Roadsters é um dos mais antigo
O colecionador é um dos fundadores do Curitiba Roadsters, clube que surgiu em 1994 para organizar e difundir a cultura que fervilhava na capital, por meio de exposições de carros, desfile em datas comemorativas e eventos beneficentes.
O grupo é um dos mais antigos do gênero no Brasil, se não o mais, numa ‘briguinha’ por esse título com o BH Hot, de Minas Gerais. Em 2011, uma cisão no clube fez surgir também o Confraria do Hot.
“Mesmo separados, ambos continuam a fazer crescer a paixão por hot rods. O Curitiba Roadsters é o começo de tudo, será eterno”, observa Bandeira, ex-presidente do grupo, que hoje conta com aproximadamente 50 sócios e pelo menos 150 veículos.

“O movimento hot transforma o meio em que vivemos em um lugar mais alegre, com suas cores vibrantes e ronco imponente. São máquinas que despertam o sorriso por onde passam. Os eventos atraem dezenas de milhares de pessoas. Os hots andam de braços dados com a cultura custom, que por sua vez, aquece segmentos como os de roupas e acessórios, música e entretenimento, tatuagens, etc..”
Manoel Bandeira, ex-presidente do Curitiba Roadsters.
O curitibano já teve mais de 60 carros antigos na garagem, dentre eles uma picape Ford 1940, um Furgão 1934 e um Chevrolet 1956, todos transformados em hot. Porém, no momento desfila com um Ford 1930 Woodie e um roadster 1932.
O primeiro traz a aparência rat hod na parte frontal, combinado a uma carroceria de madeira na porção traseira. Segundo ele, o estilo desgastado instiga a pensar em toda a trajetória de existência de um carro com mais de 70 anos de idade.
“As marcas do tempo são como cicatrizes que contam sua história. É incrível pensar nos lugares em que um carro antigo já esteve, as inúmeras alegrias que deve ter causado nas pessoas que o compraram durante tantos anos”, salienta.

Quando questionado sobre o motivo que leva um apreciador de exemplares do passado a gastar fortunas para restaurar e manter um hot, o colecionador tem a resposta na ponta da língua:
“Ser um rodder é gostar de criar, inventar e melhorar o que já existe. Pegar um carro de 70, 80 anos, que está abandonado e enferrujado em um canto qualquer, e deixá-lo em condições de rodar, viajar, curtir com ele. Ser um rodder é, acima de tudo, amar a vida, é procurar transformar o mundo em um lugar melhor, mais colorido, mais romântico”, resume de forma lúdica o que o entusiasta diz ser “indefinível”.
O rei dos hots

A história do hot rod em solo nacional passa, essencialmente, por um nome de peso neste universo: Sérgio Liebel, 55 anos. Proprietário da Hot & Rusty (Quente & Enferrujado), especializada no gênero, o entusiasta assina projetos que ficaram famosos em todo país. E que se destacam pelas pinturas mais ousadas, com muito flame (desenho que reproduz labaredas de fogo) e cores fortes.
Da oficina de Liebel saíram modelos como Pinguim, Black Tie, Sheriff, Bonnie e Red Hot – apelidar o hot é algo comum entre os colecionadores. A maioria com motores que superam os 450 cavalos de potência. O mais recente é o Dely, um Ford 1929 custom delivery.
“Sou da segunda geração de cultuadores de hot em Curitiba, de uma turma que decidiu comprar a ideia dos pioneiros do estilo na capital. Era um movimento que não acontecia no restante do país, só aqui”, relembra o ex-piloto de aviões comerciais.


Liebel entrou para o universo antigomobilista há quase 40 anos. Porém, ele diz que o gosto pela “ferrugem” vem desde criança. “Se tivesse de escolher entre um calhambeque e um carro novo, iria optar pelo calhambeque sempre”, garante.
O colecionador ressalta que o visual simpático, e ao mesmo tempo exótico, de um hot rod desperta carisma nas pessoas. Além de fascinar as crianças, que costumam associá-lo aos carrinhos de miniaturas da Hot Wheels.
Projetos podem chegar a R$ 500 mil

Restaurar um exemplar pode levar de um ano e meio a cinco anos, dependendo da complexidade e padrão do equipamento. Já os custos envolvem cifras que começam em R$ 80 mil e podem ultrapassar os 500 mil.
A Hot & Rusty já construiu 35 projetos, boa parte com peças de carroceria, chassis e suspensão criadas dentro da própria oficina. O maquinário usado por ele e sua equipe é capaz de reproduzir componentes de alta qualidade, superiores até a de peças originais.
Graças à oficina de Liebel, e de outra meia dúzia de empresas, como Bonneville Custom Garage e Totty’s Hot Toys, que Curitiba tem prestígio na perfeição dos detalhes de construção de um hot. Segundo Liebel, há um respeito quanto à fidelidade na essência da cultura hot, nascida nos Estados Unidos na década de 1930, mas que se popularizou após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

“Hoje é mais fácil de montar o seu próprio modelo. Há uma quantidade maior de peças no mercado, de carrocerias de fibra de vidro, que imitam as originais, e de profissionais especializados nesse ofício.”
Os motores utilizados costumam ser de muscle cars americanos, como Chevrolet Camaro e Ford Mustang. Contudo, há quem prefira propulsores mais fáceis de encontrar no Brasil, como os do Chevrolet Opala e Omega. Sem contar que os amantes do gênero têm a possibilidade de adquirir diversas réplicas das peças originais no mercado brasileiro.
Uso de MILITEC 1

O MILITEC 1 é um produto muito usado entre os entusiastas da cultura hot. Os veículos de Manoel Bandeira, por exemplo, sempre tiveram a adição do produto no motor. Ele diz que aprendeu a usar o MILITEC 1 quando montava propulsores turbo de alto desempenho na década de 1980. Desde então, nunca deixou de fazer um motor que o componente estivesse presente.
“Além de melhorar muito o desempenho devido à redução significativa de atrito, o produto aumenta em muito a vida útil do motor, caixa de câmbio e diferencial”, destaca.
Sérgio Liebel, por sua vez, foi apresentado ao MILITEC 1 na década de 1990 por mecânicos de aviação, quando ainda voava como piloto. Vale ressaltar que além do uso em automóveis e em equipamentos industriais, o produto também é indicado para a aplicação na aviação ou em qualquer outro tipo de motor de combustão. Sua função é preservar as partes metálicas do motor dos desgastes naturais, uma vez que as peças estão em funcionamento constante. O rodder passou a aplicar nos motores AP Volkswagen para melhorar a performance de seus carros de rua. “Os mecânicos de aviões me recomendaram usar sempre, pois o motor ficaria mais protegido e suportaria melhor os excessos. Nos motores V8 mais preparados, sempre recomendo. Gostei e aprovei”, resume.

Pioneiro do movimento em Curitiba
A paixão pelo hot rod em Curitiba nasceu no início da década de 1980. O mecânico Luiz Martins Filho, o Zizo, começou a idealizar projetos em sua oficina, mesmo com o pouco ou quase nenhum acesso que tinha às informações propagadas nos EUA.
O precursor do movimento no Paraná jamais saiu do Brasil. Tudo que criava vinha da própria imaginação e da inspiração das motos estilo chopper que construía antes dos hots.
O primeiro exemplar feito por Zizo foi em cima de um Fordinho 1928, mas depois vieram inúmeras picapes, até se dedicar à personalização de caminhões, alguns com pegada hot rod.

O customizador comprava Opala, Maverick, Dodge, Galaxie usados, mas que rodavam normalmente, e desmontava-os para retirar motor e suspensão. Por isso era conhecido à época como o “assassino de carros”. Levava de 10 a 15 dias para fazer a mecânica, deixando a parte da lataria e acabamento para o cliente finalizar em outra oficina.
Zizo foi mentor de outras figuras importantes na primeira fase do hot em Curitiba, como Sebastião Geronasso e Rafael Glaser. Este grupo de pioneiros tinha ainda Sérgio Reinaldino, Serge Saguaru, Celso Viana, Celso José Cordeiro e Nilmar ‘Castilho’ Scuciatto.
Também na década de 1980 vieram os entusiastas Manoel Bandeira, Bernardo Amaral Wolf Neto (Benny), Roberto Devolio, Moacyr Boscardin, Renato Benoni, Aurélio Backo e Sérgio Liebel.
2 Comentários
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Parabenizo pela construção desses Incríveis veículos há hat rods também em Aqui em.Sao Paulo para normalizar sua documentação.aqui se recorre para Belo Horizonte Parabéns a Todos
bela matéria, parabéns.