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22 de novembro de 2022

No Prep populariza a arrancada no Paraná

Nova modalidade estreou neste ano e devolveu às pistas carros e pilotos que estavam parados há mais de uma década

O VW Gol de competição do piloto de arrancada Luciano Quillis, 47 anos, estava encostado desde 2009 na sua oficina, em Londrina. Participante ativo dos campeonatos Paranaense, Brasileiro e dos festivais no autódromo de Pinhais, o mecânico e preparador automotivo abandonara as pistas quando os custos da modalidade pesaram no bolso.

Foram longos 13 anos de aposentadoria forçada, a ponto de precisar desmontar o veículo e vender quase todos os componentes usados na preparação – sobraram poucas peças, como pistão, biela e câmbio. Até que em 2022 uma nova competição resgatou Luciano e outros tantos pilotos que estavam longe das disputas pelo mesmo motivo.

Em janeiro deste ano surge o No Prep Brasil, que viria democratizar a arrancada no país. Uma alternativa com regra simples comparada à modalidade tradicional e que permitiu a muitos praticantes e entusiastas da velocidade participarem sem precisar gastar uma fortuna a cada etapa.

A novidade logo começaria a se regionalizar e aí que Luciano viu a oportunidade de acelerar novamente. Os irmãos Rhonald e Rhobson Simomura, também de Londrina, decidiram criar o No Prep Paraná, buscando como uma das parceiras a MILITEC Brasil, empresa sempre presente e apoiando as principais competições automobilísticas nacionais.

Luciano Quillis no Prep Paraná
Luciano Quillis montou novamente o seu Gol Bola para competir na arrancada após 13 anos afastado. Foto: Thiago Assunção

A ideia era popularizar novamente a arrancada no estado, que passou a ficar mais restrita com o fim do Autódromo Internacional de Curitiba, palco de inúmeras competições. E atrair também veículos originais e pouco “mexidos” para correr numa pista “ao natural” simulando a rua, sem a preparação com cola, comum na arrancada – daí o nome “No Prep”.

A dupla colocou no braço paranaense da modalidade a experiência de décadas dentro e fora das pistas. A oficina deles, a Street Tribe Garage, é referência no país em montar veículos esportivos e de competição, sendo responsável por diversos projetos para arrancada e drift.

Festival No Prep Paraná é sucesso na pista e na arquibancada

Público no Prep Paraná
Uma multidão tem prestigiado as etapas do No Prep Paraná no autódromo de Londrina. Foto: Thiago Assunção

Usando o Autódromo Ayrton Senna, em Londrina, como ponto de partida para essa nova fase do esporte a motor paranaense, o Festival No Prep Paraná, como é conhecido, foi lançado com a primeira etapa sendo realizada em maio.

Na estreia, cerca de 117 carros inscritos. Já na segunda, em agosto, subiu para quase 200 veículos e uma multidão de 10 mil pessoas na arquibancada e circulando pelo autódromo.

A terceira aconteceu no dia 1º de outubro. E mesmo na véspera do primeiro turno da eleição, reuniu 120 veículos e cerca de 4 mil pessoas. O próximo encontro está marcado para 26 de novembro, etapa que já contará com uma dobradinha no domingo (27) do Festival Street Tribe Motos. Recentemente, a nova modalidade em duas rodas reuniu mais de 30 mil pessoas no autódromo de Londrina.

Atualmente, participam da No Prep Paraná pilotos de cidades como Campo Mourão, Maringá, Guarapuava, Ourinhos (SP), além de Londrina.

Primeiro No Prep fora de São Paulo

O Paraná foi o primeiro estado, na sequência veio São Paulo a investir no No Prep, depois veio o Rio de Janeiro. “Buscamos parceiros para difundir em outros estados. A ideia é fazer um grande festival de fim de ano, parecido ao de Pinhais, com os campeões estaduais participando”, diz Rhonald.

Um festival nacional, com os campeões das 10 categorias no Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro, está programado para dezembro, em Interlagos (SP).

Luciano Quillis no Prep Paraná
Luciano disputa a categoria 7,5s no No Prep, mas a objetivo é chegar aos 7s. Foto: Arquivo pessoal

Foi na segunda etapa em Londrina que Luciano Quillis voltou a acelerar seu Gol bola, de 600 cv.  Ele conta que reencontrou muitos amigos competidores, todos felizes pelo retorno ao autódromo. “Esse evento é show. Está abrindo portas para todo mundo que estava parado”, ressalta.

Segundo o competidor, além de agregar muitas pessoas e antigos companheiros de pista, é uma opção barata do automobilismo. Atualmente, a inscrição custa R$ 250, bem abaixo de outras modalidades de arrancadas pelo país, que partem de R$ 400. Já a entrada para público custa R$ 30, sendo que mulheres e crianças não pagam.

“Você não precisa gastar um rio de dinheiro no carro e outros custos absurdos para ter bons resultados e chegar a um nível competitivo”, observa o piloto, que não abre mão de usar MILITEC 1 nas competições e em sua oficina, a Protech.

“É um produto que protege os motores, as peças internas e ainda dá um ganho na economia de combustível. Costumo indicar para os meus clientes e quando não tenho aqui, peço para comprar e colocar”, afirma Luciano, que estreou na arrancada em 1996, no famoso e inesquecível Festival Brasil x EUA, em Pinhais.

Categorias divididas por tempo

Rhony no Prep Paraná
O piloto londrinense Rhonald foi o idealizador do No Prep Paraná. Foto: Thiago Assunção

A modalidade é dividida por tempo, englobando dez categorias. A iniciante começa para carros com tempo na casa dos 9,5 segundos, e vai descendo – com diferença de meio segundo – até chegar à Força Livre. Nesta categoria a preparação faz veículos como Fusca, Gol e Opala atingirem o tempo de 5 segundos, com motores que rendem de 700 a 1.200 cavalos de potência.

Rhonald explica que o regulamento deixa a disputa mais justa e, assim, possibilita enquadrar desde carros antigos a modelos de rua mais simples, importados originais de alta potência e até veículos montados para a competição.

Exemplares de marcas como Audi, BMW, Subaru e Mercedes, por exemplo, sempre estão na pista na categoria 9,5s. “É a mais disputada hoje em dia. A reação do piloto na largada é que faz toda a diferença”, explica Rhony, como é conhecido no universo automobilístico.

Audi no Prep Paraná
Carros importados, como esse Audi TT RS, também competem no No Prep Paraná. Foto: Thiago Assunção

O idealizador do evento faz questão de citar que tem muito carro de competição parado da década de 1990 e 2000, quando a arrancada vivia o seu auge. Que foram “abandonados” devido ao alto investimento nas novas tecnologias e para competir nos Brasileiros e Festivais.

“Com o término do Festival em Pinhais e a diminuição das pistas de arrancada pelo Brasil, esses veículos ficaram guardados. Eu e meu irmão somos bastante nostálgicos, por isso procuramos uma solução para trazê-los de volta”, relata, citando Saveiro, Voyage, Fusca, Gol, Chevette e Opala como modelos resgatados.

Premiação em dinheiro

Os treinos classificatórios e as baterias do No Prep Paraná acontecem no sábado, com início do evento às 10h e o encerramento às 22h, quando há o anúncio dos vencedores. São nos treinos que ocorre a definição em qual categoria o veículo vai disputar, no caso de pilotos estreantes ou que estão buscando mudança de tempo.

Os três primeiros colocados de cada categoria somam pontos na disputa pelo título estadual, por uma vaga na grande final em Interlagos, e por premiações em dinheiro e produtos cedidos pelos patrocinadores, como MILITEC 1, embreagens e turbinas.

Opala no Prep Paraná
Alguns modelos preparados rendem de 700 a 1.200 cavalos e correm a categoria Força Livre. Foto Thiago Assunção

Na quarta etapa haverá ainda a premiação em dinheiro na categoria de acesso, a 9,5s. “Nunca teve uma premiação assim na arrancada. Isso é legal”, diz Rhony. Há ainda a disputa por uma quantia que pode chegar a R$ 15 mil. Mas é preciso fazer uma inscrição à parte, que pode ser de R$ 500 para o valor citado.

As inscrições para as etapas são feitas no Instagram @festivalnoprepparana ou nas lojas parceiras, que comercializam componentes de performance – atualmente a 176 Race, em Londrina, e a Garage 19, em Maringá.

Rhony adianta que para 2023, o objetivo é fazer um calendário mensal de etapas e, se possível, incluir outras praças, como Cascavel, Toledo e Campo Mourão. “Pena que Curitiba não tem mais autódromo, senão faríamos também na capital”, lamenta.

Mais informações: (43) 99167-9348 – Rhonald Simomura.

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