Família Marques: meio século acelerando o automobilismo nacional
Paulo de Tarso e os filhos Tarso e Thiago Marques têm um papel decisivo na criação de categorias de kart,da Sprint Race e do ressurgimento da Stock Car no Brasil, além de servirem de inspiração para jovens pilotos.
Não há como falar do automobilismo nacional sem dedicar um capítulo especial a uma família paranaense. O pai Paulo de Tarso Marques e os filhos Tarso, Thiago e Gare Marques contribuíram para a evolução do esporte no país e ainda ajudam a manter viva a paixão de muitos brasileiros pela velocidade e os roncos dos motores.
Paulão, como é conhecido, está com 70 anos e foi quem iniciou essa relação dos “Marques” com as pistas de corrida há quase meio século. Curiosamente, antes dele, a família não curtia carros. O que não o impediu de financiar um Volkswagen Fusca.
Ele usava o “besouro” como meio de transporte durante a semana e o transformava num bólido de competição nos fins de semana, isso já com 23 anos – idade considerada avançada atualmente para iniciar nesse universo.
O então jovem piloto tirava bancos, para-choques, escapamento, colocava um santantônio e pintava o número com tinta de parede. Ia para o autódromo acompanhado da esposa Celia – companheira inseparável do marido e dos filhos nas pistas – e de Tarso, ainda um bebê. Foi nesse momento que Paulo de Tarso começou a escrever a história da família no mundo do automobilismo.
Das corridas de Kart ao impulso da Stock Car
O legado do Paulão é extenso. Ajudou o esporte a motor a se desenvolver no Paraná e no Brasil. “Abriu” pistas de kart em todo o estado e promoveu competições. Também criou a categoria
F-180, mais tarde F-200, que usava kart com marchas a partir de um modelo que trouxe da Itália.
Organizou o Superkart, com veículos movidos a motor de motocicleta. “Chegamos a fazer corridas em estacionamentos de shopping para 10 e 15 mil pessoas”, recorda Paulão.
O curitibano ganhou fama com os ótimos desempenhos nas pistas. Foi campeão paranaense (1973) e gaúcho (1975) de Turismo, do Paranaense de Stock Car (1990) e do Brasileiro de Super Stock (1991). Venceu também as 12 Horas de Curitiba, em 2000.
Teve ainda um papel fundamental no ressurgimento da Stock Car no Brasil, quando a modalidade estava em baixa e quase acabou entre as décadas de 1980 e 90.
“Graças a ele e a um pequeno grupo de pilotos que a Stock existe até hoje”, salienta Tarso Marques, referindo-se à organização da Super Stock, que deu novo impulso à categoria.
Action Power, uma equipe campeã
A criação da equipe Action Power, em 1988, foi outra contribuição importante para alavancar o automobilismo nacional. Contou com a ajuda do amigo e piloto Oscar Chanosky.
A escuderia acabou virando referência no meio, conquistando seis campeonatos. Destaque para o tri de Ingo Hoffmann (1996 a 1998) e o título de equipes, com o filho Thiago Marques e Cacá Bueno, em 2005. O triunfo em família já ocorrera antes, em 2001, na Stock Light, no ano de estreia de Thiago, que faturou o troféu.
Uma curiosidade de família nesse período foi que Tarso, Thiago e Gare estavam na Stock em equipes diferentes. Os dois primeiros pilotavam os carros da Terra Avallone e da Cimed Racing, respectivamente, enquanto o mais novo era chefe da equipe da Biosintética Action Power. Em comum, todas as equipes estavam sob o gerenciamento de Paulo de Tarso.
“Eu praticamente nasci dentro de um autódromo, por isso sempre estive junto com a família. Trabalhei na Action Power antes de ter a minha própria equipe, a Biosintética, em 2007, que era uma divisão da Action”, explica Gare, hoje com 43 anos e dono da rede de franquias da cafeteria Mais um Café, com 460 lojas pelo país.
Ele nunca pensou em ser piloto para seguir o DNA da família, pois acreditava que, ao contrário dos irmãos e do pai, não tinha o dom para acelerar.
“Em vez de ser um piloto mais ou menos, preferi seguir a vocação do empreendedorismo”, justifica.
Incêndio tira a Action Power de cena
A Action Power também participou da Fórmula Chevrolet e da Fórmula 3 Sul-Americana, no início dos anos 1990, com Tarso Marques no cockpit. O time paranaense durou até 2009, quando Paulão decidiu abandonar as pistas após um incêndio no caminhão que transportava os três carros da equipe e parte da estrutura mecânica.
O episódio ocorreu na BR-116, entre São Paulo e Curitiba, devido a um superaquecimento nos freios. “Aquilo me abalou muito. Fiquei 20 dias fora do ar, fora do país, e quando voltei e vi a oficina vazia, decidi parar”, relata Paulo de Tarso.
O prejuízo de quase R$ 3 milhões contribuiu para colocar um ponto final – o seguro cobriu apenas 15% desse valor. Mas, segundo o patriarca da família Marques, o que mais pesou decisão foi ver todo o esforço de 20 anos virar cinza.
Naquela primeira década de 2000, a Action Power ainda colaborou com a Copa Clio, Super Clio e Super Megane construindo os carros e fazendo os motores e as manutenções.
Tarso Marques inspirava jovens pilotos
Já Tarso Marques, hoje com 45 anos, teve uma carreira automobilística internacional, o que indiretamente fomentou o automobilismo no Brasil. Ele serviu de inspiração para muitos jovens que competiam nas modalidades da época.
O curitibano entrou para a Fórmula 1 com apenas 17 anos, sendo o piloto mais jovem a estrear na categoria máxima do esporte. A primeira prova foi o Grande Prêmio de Interlagos, em São Paulo, em 1996.
Correndo pela Minardi, em 2001, ele chegou a ser companheiro de equipe do espanhol Fernando Alonso, que se tornaria tempos depois bicampeão mundial com a Renault. A passagem de Tarso na F1 durou de 1996 a 2002, intercalada por corridas também na Fórmula Indy.
“A minha carreira contribuiu bastante para incentivar jovens pilotos. Ajudei ainda a manter forte a Copa Clio, depois Super Clio, durante os cinco anos que participei dirigindo o carro da Renault”, ressalta.
O paranaense afirma que não observa essa mesma inspiração atualmente. Segundo ele, o automobilismo nacional está mais fraco para quem deseja se tornar um piloto profissional de fórmula.
“Antigamente tínhamos categorias boas, como a Fórmula 3, com bastante carros e nível altíssimo de competidores. Infelizmente, não temos mais. O que existe de monoposto não é nada comparado ao padrão da minha época”, lamenta Tarso, citando a Europa como alternativa para os jovens pilotos brasileiros que sonham um dia correr na Fórmula 1.
Stock e Sprint são exemplos de competitividade
Em contrapartida, ele diz que a categoria Turismo cresceu bastante no país. Em especial a Sprint Race, que o irmão Thiago, com a colaboração do pai Paulão, criou em 2012 (leia mais abaixo).
“Sem dúvida é uma das principais categorias no Brasil e o melhor custo-benefício tanto para pilotos iniciantes que saem do kart, quanto para aqueles mais experientes e, também, profissionais que buscam fazer dinheiro no esporte”, garante.
Já a Stock Car atingiu um nível sensacional, na opinião de Tarso. Para ele, é uma das categorias mais competitivas no mundo. Inclusive, vários pilotos fazem dobradinha acelerando na Stock e na Sprint. “Viraram modalidades exemplares no automobilismo brasileiro”, avalia o curitibano, incluindo a Porsche Cup nesse grupo.
Após um hiato de três anos – desde 2019 quando pilotou um protótipo no Endurance Brasil -, Tarso Marques voltará às pistas em julho para pilotar um carro da Nascar Cup Series, nos EUA. Ele conta que havia assinado um contrato para disputar a Indy em 2022, porém, por falta de peças e motores, a sua equipe, a Stange Racing, que é nova, decidiu por fazer um time de Nascar.
“Topei na hora, pois era algo que eu queria fazer muito. É uma categoria extremamente difícil de entrar e muito competitiva. Corri nas principais categorias do mundo, faltava a Nascar. Estou muito ansioso para estrear e realizar esse sonho.”
Thiago Marques “resgata” pai com a Sprint Race
Depois de encerrar as atividades da Action Power, Paulo de Tarso se manteve longe dos autódromos por três anos, mudando-se para Miami, nos EUA. Alguns veículos do projeto da Super Clio ficaram encostados na oficina em Pinhais (na Grande Curitiba)durante esse tempo.
Até que um dia Thiago disse para o pai: “vamos colocar esses carros para funcionar, fazer uma categoria”. Nascia, então, a Sprint Race, com a cooperação técnica de Paulo de Tarso, que saiu da aposentadoria para se envolver novamente com a velocidade de competição.
E, mais uma vez, a família Marques contribuía com o automobilismo nacional. A GT Sprint Race, como é chamada atualmente, virou uma categoria acessível para qualquer candidato virar um piloto de sucesso no futuro.
“Na época, ela foi montada para ser de uma categoria de base. Havia uma lacuna grande dos pilotos de kart e de campeonatos metropolitanos (com modelos de rua) para chegarem à Stock Car”, explica Thiago, 42 anos.
E, apesar de o veículo ser um protótipo de Turismo, possui características de monoposto. O banco é posicionado no centro do cockpit e motor e câmbio na parte traseira. O chassi tubular e a suspensão são similares aos de Fórmula 1
As provas são acirradas e há muita troca de posição. Ou seja, “é ideal para um jovem que sai do kart. O piloto vai aprender a passar, defender, olhar no espelho, pegar vácuo, coisa que as outras categorias no Brasil não oferecem”, enfatiza Paulão.
Thiago concorda com o pai e diz que o maior símbolo da Sprint são, justamente, as disputas e as ultrapassagens. Pelo fato de todos os carros serem iguais, sob a responsabilidade de uma só equipe, o que garante o equilíbrio e a durabilidade do equipamento.
“Construímos a nossa história em cima da competitividade. Um piloto estreante, por exemplo, terá as mesmas chances que os demais concorrentes, fazer ultrapassagens e ser ultrapassado. É um aprendizado para ele.”
Formato inovador com custo acessível
A Sprint Race se destaca pelo custo acessível, uma vez que é subsidiado pelos patrocinadores do evento. As categorias de equipe única vêm dando certo no mundo inteiro, pois é possível baratear muito o preço de participação do piloto. Isto é, consegue-se otimizar logística, mão de obra, custo fixo, além de ser responsável pela igualdade dos carros.
É um formato inovador, no qual o competidor só entra com o capacete, as luvas e o macacão, sem se incomodar com mecânico, equipe, conversa com engenheiro e contratação de patrocinadores.
“Embora disputem categorias diferentes, os pilotos correm em pé de igualdade, com o mesmo equipamento, preparados pela mesma equipe, e você leva apenas seu capacete e a vontade de vencer!”, afirma Thiago.
Para entender melhor o preço mais justo e o investimento por piloto na temporada, o organizador cita o exemplo de categorias com diferentes equipes, nas quais a margem de lucro de cada uma (geralmente com dois carros) precisa ser de 20% a 30% para o negócio valer a pena. E aí, o custo para o piloto é maior para fechar essa conta.
Já com uma equipe só é possível reduzir essa margem de lucro para 3% a 4%, por exemplo, e obter maior lucratividade no volume de veículos – no caso da Sprint, o percentual é multiplicado pelos 20 veículos no grid.
“Passa a ser um número atraente para a empresa que investe na modalidade”, observa.
Sprint virou uma categoria final
Com a grande exposição na mídia e a presença maior de pilotos profissionais, a Sprint Race virou a chave e deixou de ser somente uma modalidade de base para se tornar uma categoria final.
“Depois da Stock ou muito próxima a ela, a Sprint é a única categoria do Brasil que mais da metade do grid ganha dinheiro para correr”, salienta Thiago.
Nomes como Thiago Camilo, Gabriel Casagrande e Júlio Campos (atual campeão) participam da competição. Mas também existe a categoria PROAM, voltada para iniciantes.
As máquinas da Sprint Race usam motores seis cilindros, com 3.6 litros, que alcançam 300 cv de potência e 40 kgfm de torque. O conjunto é gerenciado por um câmbio de seis marchas, com paddle shift e powershift.
Em 2022, são nove etapas disputadas em sete autódromos diferentes pelo Brasil. São 30 pilotos, divididos nas classes PRO, PROAM e AM.
MILITEC na história da família Marques
A GT Sprint Race e a própria Action Power têm uma relação muito próxima com a MILITEC Brasil. A equipe de Paulo de Tarso utilizava o MILITEC 1 durante as provas e depois, na hora de abrir o motor, comprovava a eficácia do produto ao observar que os componentes se mantinham íntegros, sem desgaste acentuado.
“No automobilismo é importante sempre buscar diferenciais e novidades para dar aquele passo a mais, ter destaque em relação aos outros concorrentes. E o MILITEC foi o nosso diferencial lá no início, tanto pelo desempenho, quanto pela durabilidade dos componentes”, garante Gare Marques.
O ex-diretor esportivo afirma que a Action Power foi a pioneira no uso do produto, que acabou se propagando para as demais equipes e hoje deixou de ser novidade para ser uma obrigatoriedade de uso se quiser ser competitivo.
“Estamos há muito tempo com o MILITEC e acredito que seja uma parceria para sempre”, complementa.
O uso do MILITEC 1 na Stock Car também se estendeu para os carros da Sprint desde o lançamento da categoria em 2012. Todos entram na pista tratados com o produto.
“Quando o MILITEC 1 chegou ao país, em meados dos anos 90, a gente já começou a testar e aprovar o produto. E, independentemente da parceria, sempre compramos esse produto, porque confiamos muito nos benefícios que ele oferece ao motor e seus componentes”, pontua Thiago Marques, que admite ser o MILITEC um dos responsáveis pelo sucesso da categoria.
O irmão mais novo da família Marques também ajudou como piloto a projetar o Campeonato Brasileiro de Marcas durante a década passada, brigando pelo título em várias temporadas.
Thiago foi o competidor com o maior número de vitórias e pódios nos sete anos de existência da categoria, pilotando modelos da Renault e da Toyota.
Sobre o MILITEC 1
É o primeiro e melhor condicionador de metais, que protege o seu equipamento de verdade, porque é o único com a exclusiva tecnologia Dry Impregnated Lubrication.
O MILITEC 1 simplesmente usa o lubrificante como um meio para chegar às superfícies metálicas em atrito e aos pontos críticos de calor dentro do equipamento. Chegando a esses locais, o produto sai completamente do lubrificante e as moléculas de MILITEC 1 fixam-se na superfície metálica (adsorção*). Isso ocorre entre 38º C e 66º C, dependendo das condições de atrito e carga.
O efeito dessa reação enrijece a superfície metálica (não a endurece), tornando-a aproximadamente 17 vezes mais resistente quando a reação se completa.
Além do aumento da resistência metálica, o MILITEC 1 reduz drasticamente o atrito, melhorando o aproveitamento de energia, resultando em aumento da potência e/ou diminuição do consumo, além de reduzir as emissões de gases poluentes.
*Adsorção é a fixação da molécula de uma substância na superfície de outra.
Incrível, inspirações, família show????????
Incrível, inspirações, família Marques show???????? ✅
Acompanho e sou fã dos Marques, tive a honra e prazer de ver Tarso e Thiago pilotando, quanto a MILITEC1 , uso ah anos em meus arroz e agradeço a diferença que se faz no motor e diferencial.
Tive o prazer de correr na primeira corrida F180 kart no pátio do Carrefour quando o Paulão mostrou o kart montamos 8 e começamos junto c Zé do escapamentos portao a correr daí já eram 23 e continuou as corridas de rua e estacionamentos