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30 de outubro de 2023

Estrada solidária: Filhas do Vento transformam expedições em causas femininas

Confraria de motociclistas realiza viagens para promover a conscientização e alertar a sociedade sobre problemas enfrentados pelas mulheres.

Há sete anos, um grupo de motociclistas mulheres uniu suas forças para criar em Curitiba a Confraria Filhas do Vento e da Liberdade. Era o início de uma história que ultrapassaria os limites das ruas e estradas, abraçando propósitos nobres e solidários.

Para elas, o calendário vai além de uma simples sequência de meses. Ele representa missões que as conduzem a acelerar suas motos em diversas expedições. Sempre empunhando bandeiras de conscientização social e auxílio à comunidade, com um foco especial nas questões relacionadas ao público feminino.

As Filhas do Vento têm uma atuação importante durante o Outubro Rosa, movimento que serve de alerta sobre a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de mama. Neste mês, além de palestras e expedições solidárias, o grupo intensifica em suas redes sociais a conscientização sobre a importância do autoexame e da prevenção.

As Filhas do Vento também começaram 2023 com uma ação beneficente durante o Transparaná, o maior rally de regularidade das Américas, que acontece no período do Carnaval.

O grupo arrecadou uma grande quantidade de absorventes para doar a adolescentes e adultas em situação de vulnerabilidade no inédito projeto TPM. O calendário anual da Confraria também inclui palestras em escolas, associações de bairros, entidades representativas e empresas.

Combate à violência contra a mulher

Integrantes da Confraria na BR-101 com destino a Urubici, em Santa Catarina. Foto: Filhas do Vento/ Divulgação
Integrantes da Confraria na BR-101 com destino a Urubici, em Santa Catarina. Foto: Filhas do Vento/ Divulgação

Uma das missões mais recorrentes das Filhas do Vento é a de levantar a voz contra a violência que tantas mulheres enfrentam diariamente, principalmente a violência doméstica e familiar.

Para dar vida à causa, elas frequentemente caem na estrada com destino a diferentes comunidades e municípios, disseminando a conscientização sobre o problema.

O grupo aproveitou o Agosto Lilás  ̶  justamente o mês de conscientização pelo fim da violência contra a mulher  ̶  para levar na garupa informações vitais que servem de alerta e orientação à sociedade, como a de reforçar os canais disponíveis para a denúncia de abusos (veja abaixo).

A aventura repetiu a iniciativa da expedição “Rota Cinco Fronteiras”, de 2022, quando as motociclistas percorreram cidades na divisa do Paraná com São Paulo. Neste ano, o caminho escolhido foi a Serra do Rio do Rastro, em Santa Catarina.

Grupo registra o momento da chegada a Urubici, em Santa Catarina. Foto: Filhas do Vento/ Divulgação
Grupo registra o momento da chegada a Urubici, em Santa Catarina. Foto: Filhas do Vento/ Divulgação

O comboio de motocicletas partiu de Curitiba rumo à pequena cidade de Urubici, a 460 km da capital paranaense. O total, percorrido entre ida e volta, além de algumas localidades extras visitadas, superou os 1.200 km.

Histórias de superação de todo o Brasil

A viagem da Confraria Filhas do Vento e da Liberdade atraiu participantes de diferentes estados do país, como Rio de Janeiro, Roraima, Rio Grande de Sul, Santa Catarina e Paraná.

Ao todo, foram 14 mulheres e quatro homens, somando os integrantes do carro de apoio. A viagem ainda contou com uma presença especial de uma moradora de Urubici durante o passeio pela cidade.

A sinuosa pista da Serra do Rio do Rastro, um convite para quem aprecia viajar sobre duas ou quatro rodas. Foto: Filhas do Vento/ Divulgação
A sinuosa pista da Serra do Rio do Rastro, um convite para quem aprecia viajar sobre duas ou quatro rodas. Foto: Filhas do Vento/ Divulgação

“Cada participante tem uma história de superação na vida. Muitas estavam pela primeira vez na estrada. Ver as meninas ali no retrovisor, vibrando, chorando, foi muito marcante”, contou Telma Crummenaeur, idealizadora da Confraria.

Ela conta que o grupo nasceu com a finalidade de ajudar outras mulheres a vencerem problemas pessoais, como a depressão, como foi o caso da própria Telma, e até o câncer de mama.  

A fundadora comentou que no momento em que foi feita a entrega dos kits da MILITEC Brasil, já em Urubici, as participantes contaram suas histórias, de como é participar da Confraria e vivenciar uma experiência sobre duas rodas.

Telma aprecia a bela vista da Serra do Rio do Rastro coberta por nuvens. Foto: Filhas do Vento/ Divulgação
Telma aprecia a bela vista da Serra do Rio do Rastro coberta por nuvens. Foto: Filhas do Vento/ Divulgação

Uma das mais emocionadas foi Denise Osório, representante de Guaratuba, no litoral paranaense. Ela revelou que quando veste o colete do grupo, o qual exibe um par de asas desenhado nas costas, simbolizando a liberdade para “voar”, é como se estivesse vestindo uma roupa de super-herói.

“A gente se sente grande, parece que ninguém vai nos superar. É o que sentimos. Não é apenas um colete, não é apenas um par de asas; isso é um sonho realizado, é um escudo. Eu amo muito minhas asas”, disse a motociclista, integrante do grupo há seis anos.

A violência não pode ser ignorada

Em Urubici, o comboio foi recepcionado pelas mulheres da cidade, juntamente com a prefeita Mariza Costa, e puderam debater e divulgar o propósito maior da expedição, além da comemoração pelo aniversário da Confraria.

A prefeita de Urubici, Mariza Costa, autografa o banner que exibe dizeres de conscientização contra a violência à mulher. Foto: Filhas do Vento/ Divulgação
A prefeita de Urubici, Mariza Costa, autografa o banner que exibe dizeres de conscientização contra a violência à mulher. Foto: Filhas do Vento/ Divulgação

Para elas, agosto é mais do que um mês no calendário, é uma lembrança recorrente de que a violência contra a mulher não pode mais ser ignorada. É uma chamada à ação.

“As campanhas devem ser o ano todo, de agosto a agosto. É um assunto que deve alcançar cada vez mais destaque. Que possamos usar o ronco de nossas motos, junto com nossas vozes, para que todas as mulheres sejam livres da violência e do medo, porque o amor não machuca e a dignidade não tem preço”, enfatiza Telma.

A fundadora fez questão de agradecer às companheiras de estrada, que representam como guerreiras o caminho trilhado pela Confraria. “Acreditam junto comigo que podemos sim mudar o mundo à nossa volta. E fazer a diferença, vestindo-se de coragem, para sempre levantar e motivar outras mulheres”, discursou.

As asas são a marca registrada da Confraria Filhas do Vento e da Liberdade. Foto: Filhas do Vento/ Divulgação
As asas são a marca registrada da Confraria Filhas do Vento e da Liberdade. Foto: Filhas do Vento/ Divulgação

MILITEC na moto e no corpo

Durante a expedição do Agosto Lilás, as integrantes das Filhas do Vento tiveram a oportunidade de explorar atrativos turísticos e se inserir na deslumbrante paisagem que envolve a travessia pela Serra do Rio do Rastro. A MILITEC Brasil fez companhia nesta viagem solidária, apoiando e com o MILITEC 1 aplicado em algumas motos.

“É importante ter a parceria de uma marca de peso e credibilidade. O MILITEC 1 oferece maior segurança para as nossas motocicletas, garantindo a durabilidade dos motores e aumentando a potência. E o melhor: reduz a emissão de poluentes”, salienta Telma, revelando que muitas motociclistas não abrem mão de ter o produto nos passeios.

Entrega dos kits da MILITEC Brasil às participantes da expedição 2023 do Agosto Lilás. Foto: Filhas do Vento/ Divulgação
Entrega dos kits da MILITEC Brasil às participantes da expedição 2023 do Agosto Lilás. Foto: Filhas do Vento/ Divulgação

A sustentabilidade é outra bandeira hasteada pelo grupo. A turma leva bombas de sementes e envelopes com sementes de ipê para serem distribuídos ao longo do percurso. Também é realizado o plantio de árvores nas cidades visitadas.

Criada em 2016, a Confraria Filhas do Vento e da Liberdade reúne mais de 10 mil entusiastas em todo o território nacional. O grupo compartilha a paixão por motocicletas e a valorização da sensação de liberdade, sempre defendendo diferentes causas sociais.

A missão da Confraria também é realizar o plantio de árvores, como ocorreu em Urubici, e a distribuição de sementes. Foto: Filhas do Vento/ Divulgação
A missão da Confraria também é realizar o plantio de árvores, como ocorreu em Urubici, e a distribuição de sementes. Foto: Filhas do Vento/ Divulgação

Participantes da expedição Agosto Lilás 2023:

Curitiba (PR)

Telma Crummenauer – BMW GS 800

Bennur Crummenauer (carro de apoio)

Silvana Pucci (carro de apoio)

Alice Rodrigues – Suzuki V-Strom 650XT

Guaratuba (PR)

Célia Alves – Honda Shadow 750

Alexandre Mendes – Honda Shadow 750

Luís Fernando da Veiga e Izaura da Veiga – Honda XRE

Denise Ozório (carro de apoio)

Aleyse Fernandes (carro de apoio)

Marechal Cândido Rondon (PR)

Letícia Dolizny – Honda CB 500X

Joinville (SC)

Paula Koerig – Royal Enfield Meteor 350

Blumenau (SC)

Tânia Stella – BMW GS 1250

Urubici (SC)

Rebeca Bonel – Honda Biz

Florianópolis (SC)

Sulamita Morini – Kawasaki Vulcan 650S

Antonio Morini – Kawasaki Z900

Ivoti (RS)

Márcia Correia Gottschslk – Honda PCX 150

Parati (RJ)

Taíse Helena – Kawasaki Vulcan 650S

Boa Vista (RR)

Jô Rodrigues (carro de apoio)

O grupo visitou alguns pontos turísticos durante a expedição. Foto: Filhas do Vento/ Divulgação
O grupo visitou alguns pontos turísticos durante a expedição. Foto: Filhas do Vento/ Divulgação

Denuncie no Ligue 190 ou Ligue 180

A conscientização pelo fim da violência contra a mulher está atrelada à Lei Maria da Penha, de 2006, que surgiu da necessidade de inibir os casos de violência doméstica no Brasil.

Ela pode ser física (empurrar, chutar, bater e amarrar), psicológica (humilhar, insultar, isolar, perseguir, ameaçar), moral (caluniar, injuriar, difamar), sexual (estuprar) e patrimonial (não deixar trabalhar, reter dinheiro, destruir objetos ou ocultar bens).

A denúncia pode ser feita em delegacias e órgãos especializados, onde a vítima procura amparo e proteção. O Ligue 190 atende situações de urgência, emergência ou, até mesmo, agressão. Em caso de flagrante, a polícia pode entrar e intervir imediatamente.

Confraria ostenta a faixa alusiva ao Agosto Lilás, no centro de Urubici (SC). Foto: Filhas do Vento/ Divulgação
Confraria ostenta a faixa alusiva ao Agosto Lilás, no centro de Urubici (SC). Foto: Filhas do Vento/ Divulgação

Já o Ligue 180, é a central de atendimento à mulher, mas não faz o acionamento imediato da polícia para ir até o local, e sim toma as providências adequadas, como o encaminhamento para órgãos competentes. Também recebe denúncias da própria vítima ou de terceiros.

Ambos funcionam 24 horas por dia, são gratuitos e confidenciais. Mesmo se a vítima não registrar a ocorrência, vizinhos, amigos, parentes ou desconhecidos também podem o fazer ou ir a uma delegacia para denunciar uma agressão que tenham presenciado.

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2 Comentários

  1. Silvana Pucci disse:

    Parabéns pela linda matéria. Filhas do Vento e da Liberdade são assim mesmo. Orgulho de participar dessa Confraria. Juntas somos mais fortes. Somos uma longa história…

  2. Sulamita Morini disse:

    Parabéns a MILITEC pela bela e muito bem escrita reportagem e obrigada pela parceria. A MILITEC fez a diferença em nossa Expedição, proporcionando momentos emocionantes quando da entrega dos kits fornecidos pela MILITEC.

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